Sem remédio 100% eficaz para voltar as aulas, o risco de efeitos colaterais é alto


Já aguentou quase um semestre inteiro sem enfiar o filho na escola, agora tem de dar um jeito de segurar mais. Ou menos, depende do esforço coletivo. Para que a pressa se a maioria não aprendeu a lição “anti-Covid” ainda?

Sim, eu sei, tem o lado escola, colégio e toda a “cadeia” econômica que o cerca. Mães e pais a sofrerem para pagar, quando a escola é particular, para ter aonde deixar o rebento ou os rebentos, geralmente quando a escola é pública, e para aturarem os estudantes em casa quando a paciência – que nunca tiveram para com os seus - já passou dos dois turnos faz tempo.

Olha só, vai que você manda o guri para a escola. Se ele estiver contaminado e não sabe. E, contamina o colega, a professora, a diretora, que fica pistola e resolve te processar?

Ou, o contrário, a guria traz o corona para dentro de casa, para a família. Vai culpar o estabelecimento? O coleguinha? Ou assume a bronca?

Acho que você já foi criança/adolescente. Sua à beça, fala enquanto cospe, come e fala ao mesmo tempo, sem querer dá um esbarrão. No impulso, pega emprestado algo. E, sobretudo, rola aquela vontadezinha de dar uma quebrada nas regras...

Sim, está bem difícil ser jovem. De março até agora então. Ficar em casa, sem ver os amigos, fazer uma selfie bacana, e ainda (se) entender com a máscara. Sei lá, de repente, rola até um bullying se o “pano for feio”, feito por algum conhecido ou o que os pais compraram de monte porque tava barato.

Eu mesmo piro quando vejo alguns modelos cuja finalidade principal é tapar a boca e o nariz. Mas, de boa, passa. Imagine o ser que sente aquela vontade da idade de pertencer a um grupo. Só que, bote na sua cabeça e dê um jeito de convencer o seu filho de que o principal é a sua saúde. E, vai lavar a mão, baralho!

Ah, mas o que a escola tem a ver com isso? Ow, pense um pouco no outro de vez em quando. A sala de aula foi pensada para comportar um número de alunos, e que o professor possa falar, ás vezes tem de elevar o tom por algum motivo, e por aí vai. Como vai fazer para cumprir o tal distanciamento social? Tem escola (inclusive particular) que mal tem privada decente e papel higiênico. Imagine o cenário da educação em um todo. Cara, é osso. Sem falar nos professores. Eles também são pessoas, acho que você sabe né, possuem família, amigos, vida.


Olha, eu defendo as aulas presenciais. Classes on-line talvez venham a ocupar um espaço antes inimaginável antes da pandemia e certeza que tem grupo de ensino grande de olho em forçar ao máximo a adoção do tal acesso remoto. Só falta combinar os donos podres de rico confortavelmente em quarentena confinados confortavelmente em seus castelos a abrirem a mão e fazer um bolsa-computador decente para que o ensino seja razoavelmente decente para todos. Periga sobrar para o Estado…





Enquanto isso é utopia, as aulas do modo tradicional (que, sim, tem de melhorar e muito no país), é o único caminho. Só que, voltar por pressão, estilo retorna aí que se der ruim a gente para tudo de novo, sem chance. Como diria o Josias da novela Êta Mundo Bom interpretado pelo sensacional e falecido este ano Flávio Migliaccio: “gente, gente...”

Imagina explicar para a criança caso ela seja infectada. Ou, se ela for quem contamina. Além dos estragos na saúde causados pela Covid, e que qualquer adulto de bom senso sabe, a chance de traumatizar o aluno é enorme. Já pensou: “Ih, lá vem aquele que passou o corona para os outros, nem chega perto’”. Vai dizer que isto é impossível de acontecer? E, cravo de novo, sem essa de culpar os outros.

Está na hora de assumir a responsa. Pelo seu bem, do seu filho, parentes, e de quebra, dos outros. Sei que de repente você ache uma negação o que direi, só que se os principais (ir)responsáveis pelo Brasil tivessem feito a lição de casa, e controlado o coronavírus que demorou um tempo até aportar por estas bandas, a conversa hoje seria bem mais civilizada. Sem o peso de passar vergonha mundial e a aparência de ser um gigante a ter um coração de pedra que não sente cem mil mortes em suas costas. O futebol voltou.

Faz uma força aí e endossa o movimento “Aula na escola só com dez de segurança e zero de Covid”.

Culpar o “povo” é fácil. Sim, existe uma porrada de cabeça dura fake news. Mas, lembre-se, invariavelmente o exemplo vem de cima. E, atualmente, a gente olha e vê tudo contaminado.

É isso, Feliz Dia dos Pais. Abraço e se cuide.

Gostou? Diga o que achou e tal. Sugestões e tudo o mais são bem-vindos. Qualquer coisa estou por aí nas redes sociais - tem atalhos aí do lado - e segue ainda a Playlist do Kishô no Spotify - sempre com muitas sugestões de músicas que curto e tal. 


Fazer isso aqui é muito legal, mas também dá trabalho. Sem rodeios, conto com a ajuda de vocês. Futuramente, acho que vou por alguma coisa de financiamento coletivo por aqui. Vai que rola né. Até mais. 

Comentários

  1. O Bruno Covas falou algo que tenho que concordar. "As escolas públicas mal dão conta de combater surto de piolhos, como acreditam que podem conter epidemia da COVID-19?". Simples assim! Mandou bem no texto Kishô!

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