A endemia ‘levar vantagem em tudo’ reaparece com força


Hoje em dia é muito difícil se ufanar em terras tupiniquins. Muito, mesmo. Já afanar...reapareceu com força neste janeiro de 2021. A alegria quase que forçada com a vinda das primeiras doses anti-Covid – sim, a coisa tá tão drama que até sem querer muita gente se esforça para parecer feliz e “esquece” que somos top-2 no número de mortes do mundo – contrasta com a realidade.

A primeira é a de que ainda falta muito para uma campanha para valer. Desde insumos até imunizantes comprados. Depois de passar vergonha, movido à sua tradicional vazia verborragia, o governo federal teve de se ajoelhar para, vejam só, chineses. E, indianos. Pergunto porque não ofereceu um escambo: cloroquina-tratamento precoce por umas cem doses. Ou, sei lá, promoção, leva cloroquina/ivermectina por um frasco de Coronavac. Acho que ficou longe de ser um negócio da China.

Seja como for, desde o dia da primeira vacinada, a enfermeira merecidamente em São Paulo, no dia 17 (irônica coincidência a data, não?!), pensei: Meu, tomara que o pessoal vacine quem precise primeiro, embora infelizmente não ponho a mão no fogo.

E, aconteceu. O famoso “levar vantagem em tudo” não tem vacina. Justiça seja feita, não deve existir apenas por aqui, mas nesse território de 8 milhões de quilômetros quadrados parece longe de dar-se um jeito nisso. Pior, muitos orgulham-se do jeitinho brasileiro, mesmo.

Seja em Manaus, quando duas médicas, filhas de um empresário do ramo da educação no Amazonas, tomaram vacina logo após serem nomeadas para trabalhar na área administrativa de uma UBS (Unidade Básica de Saúde)

Seja em Mato Grosso do Sul, em que o prefeito de Nioaque – município com 14 mil habitantes a 175 km de Campo Grande - é investigado por tomar vacina destinada a indígenas.

E, por aí vai. Fora os casos em que a imprensa (ah, sempre culpa dela) não descobrem.

O mais intrigante é que nas redes sociais essa gente “esclarecida”, rica, e/ou famosa, fala a seus seguidores não tomarem a vacina e… de repente, estão lá literalmente a dar o braço a torcer pela vacina. Furinho da injeção, fura fila grandão, e deixa na fila quem precisa. E seus seguidores? Boi-ando.

Já não basta aguentar essas coisas de “adquiriu milhões de doses” - lembre-se que para imunizar são cada um tem de tomar duas, ou seja, cai pela metade, ainda tem estes desvios. De vacina. De conduta. De caráter, mesmo.

E, teve um que ainda pediu desculpa por ter colocado a mulher no começo da fila. Seria engraçado se não fosse trágico. Imagina a cena, o figura chega para a família de um vitimado que deveria já ter tomado o imunizante e manda: “Ow, desculpe aí por eu ter furado a fila, me arrependo muito, mas fiz isso por amor à minha esposa”. Rapaz, deve ter muita culpa por algo… deixa quieto.

Carinha, é isso. Fico por aqui naquele sentimento de “trouxa”. Porém, sigo com a minha consciência sã. E, salva.

Links que tiveram alguma parte citada por aqui

- Prefeito de Nioaque é o primeiro a ser investigado por tomar vacina destinada a indígenas

https://bityli.com/usrjh

- Recém-nomeadas, médicas filhas de empresário são vacinadas no AM

https://bityli.com/8gFeI


Menção nada honrosa

- Isso que é vontade de ser do contra. Contra a ciência, contra a Anvisa, e contra o seu próprio governo. É melhor Jair se acostumando com a vacina.

“Vacina 'não está comprovada cientificamente', diz Bolsonaro, contrariando o que disse a Anvisa e as provas obtidas por cientistas” - https://bityli.com/WHHBa


Uma Dica para Desopilar

- The Umbrella Academy – Netflix

Série de 2019, tem no elenco de cara mais conhecida a Elliot Page (de Juno). São irmãos que nasceram no mesmo dia e foram adotadas pelo mesmo pai – nada simpático, por sinal. O tiozinho faz deles um equipe, daí o nome da série. Eis que o ponto de partida da bagaça é a morte do patriarca 17 anos depois.

São duas temporadas, e a primeira eles tem de evitar o apocalipse enquanto tentam resolver mágoas, rancores, familiares ou não. Criado por Steve Blackman, ambientação, cortes rápidos, diálogos engraçadinhos e/ou nem tanto, é das melhores coisas que vi recentemente.

Ponto fortíssimo na opinião deste que escreve: a trilha sonora dos episódios soa muito muito bem aos ouvidos. Tanto que enquanto digito por aqui escuto a playlist da série no Spotify (se tiver a fim clique aqui. Vai desde Frank Sinatra, até Morcheeba, Billy Idol, muito jazz, blues, dance e tudo o mais. Vale muito a pena ver e escutar (ficou estranho, né, mas você entendeu).

Aqui, a family está a esperar a terceira temporada. Sentada.


É isso, espero que tenham gostado. Qualquer coisa, curte, compartilhe, diga o que achou. E, se quiser apoiar de alguma forma o Drugstore Kishô, agradeço.

Abraço e se cuide

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