Se você acha que está ruim, na verdade está pior
Lembrei de uma história de um jornalista famoso, não vou dizer o nome pois vai que eu erro, que então editor-chefe, revelou que no começo do dia falava com sua equipe: “olha isso é uma coisa boa, vamos dar isso na edição”.
Porém, com o passar das horas a quantidade de notícias tristemente importantes invadia a pauta e os assuntos “positivos” perdiam o espaço, o que gerava certo desalento. Porém, como dizem, jornalismo é noticiar o que não querem que seja explicitado. O resto é assessoria.
Talvez seja rígida demais essa régua. Um pouco de luz, uma reportagem para cima, motivadora, até que não faria mal, talvez...
Entretanto, sem exagero, está quase impossível você manter o bom humor durante umas horas, que seja. Sei lá, você até tenta, acorda com esperança de que será legal. Menos pesado, mesmo nesta pandemia que nos fecha. “Vamos lá, vai dar tudo certo”.
Até a hora de quem deveria cuidar das milhões de pessoas deste país, que também é o seu, abre a boca. Ou, usa a caneta. E, parece rir da desgraça. Abusa de um linguajar que, se eu usasse, coraria meus pais de vergonha, imagina então vindo de um ser pago com o seu dinheiro – mesmo que não tenha votado nele – e ainda, apoiado por uma multidão. Condensada.
Claro, ao contrário do seu sentimento pandêmico que mistura às vezes ansiedade, insegurança, medo e solidão, este ser não está sozinho. Para o seu governo, quer dizer, do dele, setores chaves da gloriosa sociedade brasileira seguem fechados com o genocida. Grudaram que nem chiclete.
E, não se trata “somente” de COVID e, agora, de quase dois bilhões investidos em um cardápio indigesto. Só para constar, daria para pagar o módico auxílio emergencial de R$ 300 para 500 mil pessoas durante todo o ano de 2021.
Pois é, a conta dos produtos de primeira necessidade (?)caiu na conta das Forças Armadas. O lema do Exército Brasileiro nunca esteve tão mal empregado. Braço forte (para aguentar esse fardo, com todos os trocadilhos que quiser) e Mão Amiga (para seguir em cargos de ministérios cujo despreparo é evidente).
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o Agro é pop. Só que, uma substância tóxica usada pelos EUA para clarear folhas durante a Guerra do Vietnã é empregada em lavouras de soja. Ops, mas tem vez que sai um pouco do controle né... e chega nas regiões de videiras. E as destrói. Muitos produtores tomaram prejuízo monstro e já largaram mão. Climão de terra arrasada.
Mulheres também não têm sossego. “Novidade”. Com Trump fora da Casa Branca, Joe Biden já determinou a saída estadunidense da nefasta aliança antiaborto, que tem entre os apoiadores o Brasil e nações super exemplares como Hungria e Uganda. Se a decisão do novo presida dos EUA foi vista com bons olhos pela OMS, ONU e sociedade civil, por aqui… “Ernesto e Damares dizem que Brasil não muda de posição sobre o tema”, como bem atenta o baita jornalista Jamil Chade.
E, a pesquisa, a ciência, como andam? Mal. Os cortes previstos pelo governo federal atingiram em cheio as principais agências de fomento à pesquisa. Os recursos destinados ao CNPq caíram 8,3% na comparação com 2020, sendo que 60,5% do montante total está condicionado.
Já os recursos previstos para a Capes em 2021 são 28% menores do que aqueles de 2019, dos nada suficientes R$ 4,2 bilhões para os mais insuficientes ainda, R$ 3 bilhões, com um percentual de 33,5% de contingenciamento.
Estes trechos tirei de uma matéria do começo do ano feita por Alexandre Aprá. É ou não é uma negacionice, que rima com cafonice. Nada a ver.
Sem contar inflação em alta, dólar idem, e aquelas coisas que, se você parar pensar, não é coisa de saudosista, esquerdista ou outros istas. Bote a cabeça para raciocinar fora de sua bolha e, como diz André Forastieri, pesquise em fontes confiáveis e siga o rastro do dinheiro (acho que é mais ou menos isso) para saber quem ganha e muito com essa situação. E, se ficar decepcionado, bem vindo ao clube.
Esta prescrição nada médica com doses de realismo teve como base:
- Como um agrotóxico usado na Guerra do Vietnã está destruindo videiras na campanha gaúcha
- Mais de R$ 1,8 bilhão em compras: “carrinho” do governo federal tem de sagu a chicletes
- A ciência no Brasil está a beira do colapso, avalia ex-ministro
Dicas para (não) desopilar
– Ano Hana
Vi na Netflix. É de 2011, tem uma temporada só, e me surpreendeu. Dica da filhota, que no começo nem ela empolgou muito para assistir. Mas a história de uma guria (Menma) cujo espírito volta para que seu amigo realize um pedido e que envolve seu clube de infância aos poucos começa a te agradar.
A ponto de que em certa altura parece que os episódios deste anime que tem autoria de Mari Okada e direção de Tatsuyyuki Nagai possuem bem menos do que os 22, 25 minutos.
Embora a classificação seja 12 anos, se você for meio ressabiado com as coisas recomendo que veja o primeiro capítulo. Vai que de repente, ache melhor para os “maiorzinhos e maiorzinhas”, sei lá. Depois não diga que não avisei.
Em suma, tem muita
choradeira, partes engraçadas, e aquelas coisas pertinentes a todo
infanto-juvenil. Seja aqui, no Japão, ou em outro lugar dessa Terra
redonda.
Obs: Não achei um trailer legendado em português, foi mal.
- “Quantas penas brancas que se movimentam, Nesse lago de lama, nessa lama sem pena”, começa assim Pássaro Branco, do Grupo Acaba. Mais uma pérola das antigas, que tem de ser preservada. Presta atenção também na letra, naturalmente singela, trágica, e bela.
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