Liderança feminina em favelas de Campo Grande parece amor de mãe. Já viu?



E aí, como não estão as coisas?

Sei, talvez você seja daqueles ou daquelas para quem o Dia das Mães é somente mais uma uma data meramente comercial. Para vender. Pode ser...

Se der eu compro. Nem que seja uma lembrança para lembrar de quem, no meu caso, está sempre presente. Minha véia e a patroa, mãe dos nossos filhos.

Se o Brasil tá osso, com massacre, genocídio, vacina em falta, cloroquina de sobra... Imagine para quem é mãe. Lidera.

Na dica de hoje, a estética é um detalhe. O conteúdo é e sempre tem de ser o mais importante. Questão de classe. Literalmente. Atrasado sou um pouco sim e muitas vezes não me encaixo. Diferente da Marly, da Paula, da Gisele, e da Graciele. Mães e mulheres fortes.

São quatro episódios - o último saiu esta semana - que estão lá no canal da Central Única das Favelas MS, a Cufa MS. Sobre lideranças femininas nas favelas de Campo Grande. Ops, comunidade que é para “ficar mais bonito” para as autoridades, corrige com certo tom de ironia a Graciele, da Comunidade Mandela. Aliás, o motivo do nome Mandela é sacada grande. Depois você vê. E tem muitos que batem no peito e dizem que em Campão não tem favela. Estão certos...tem bem mais de uma.

Em comum na Só Por Deus, Alphavela, Mário Covas, e Mandela, além da trilha que lembra o Meteoro Brasil, e isso é um elogio. Aliás, o canal da dupla paranaense também ajudou a CUFA nacional no começo da pandemia. Vale a pena seguir.

Volto à realidade do dia a dia de uma Campo Grande marginalizada: as líderes das comunidades pedem doações e se doam.

Separei umas frases e uns fatos.


Episódio 1 – Marly, da Só por Deus

80 famílias – 60 crianças, adolescente são poucos

Veio a convite da filha – Líder há um ano e pouco

“Não é todo mundo que você agrada”

“Não é fácil ser líder, mas enquanto eu puder ajudar a comunidade”

“Sempre batalhei para criar quatro filhos, sozinha”

“Não sei falar não, não sei negar nada para as pessoas”

“Aqui tou 24 por 48”

“Vai ter evento lá, leva máscara”

“Precisa de um parquinho para as crianças. Não é só aqui, para todas as comunidades”

Quer conseguir “kits” junto à prefeitura (quarto, cozinha e um banheiro)

“A gente também é ser humano, a gente também é gente, a gente também tem sentimento”


Episódio 2 – Paula Corrêa, da Alphavela

A mãe já morava antes, está há três anos

“Sem som a gente não é nada”

“Ninguém quer morar em favela, debaixo de um barraco, correndo risco”

“Tem mais idosos, que os filhos abandonam, porque tem filho, né, só por deus”

“A gente não vive de fama, a gente vive do que a gente é, então não me importo”

“Se eu tivesse um carro, iria bater naquele Ceasa todo dia”

“Agora, com essa pandemia não posso sair”

“As líderes mães, elas são assim, porque elas querem dar para o filho dos outros o que a gente dá para os filhos da gente. É o que eu faço”

“É um cargo grande, principalmente para a gente que é mãe. A comunidade é um filho, você tem que corrigir, se não, fica pior”

“Homem tem vergonha (de ser líder), o ego, de ser macho, ter medo de falar. A mulher não tem medo”

“Nós vamos ter nosso negócio, junto com a (minha) irmã. Não vamos ser comandadas por homens burros”


Episódio 3 – Gisele, da favela do Mário Covas.

São 150 famílias

“Aqui é um pelo outro”

“Aqui somos todos iguais”

“A necessidade faz a gente ir a luta”

“Eu tenho um filho autista, quero que ele tenha bastante autonomia, que ele vá para uma faculdade”

“A maior coisa que uma mãe pode querer é que (o filho) seja alguém na vida”.


Episódio 4 - Greiciele – da Mandela

No local, são cinco líderes, todas mulheres

175 famílias, 250 crianças

Faz cinco anos que está na Comunidade

Conseguiu aulas de reforço para as crianças que não tem um ensino durante essa pandemia.

Ajuda psicológica, palestras sobre violência contra a mulher, empoderamento, aula de hip hop, violão, culto evangélico

“A gente tenta ajudar aquela mãe que tem um pouquinho mais de filhos, idosos, gestantes, porém não deixando os demais”.

“Seu psicológico tem que estar bom para lidar com todas essas pessoas”

“(Aqui) eu me sinto bem, em paz, me sinto tranquila em ajudar estas pessoas”

“Doação é bem vinda, porém é a moradia que nós temos de ter”

“(Queria) Pedir para eles terem uma visão mais nobre”

Lauana, uma das escolhidas para ser líder, negra, tem uma filha, formada em psicologia

Todas as líderes na Mandela são mães


Bora assistir

Vou dizer que isso é mais uma prévia. Na real, melhor você ver cada um dos vinte e picos minutos em cada episódio. Os vídeos foram dirigidos, produzidos e roteirizados em grande parte por Karen Freitas. Ajudada por Tatiane Samper e por Tiago Kohagura.

Clique aí


Episódio 1




Episódio 2


Episódio 3


Episódio 4


Para (não) desopilar

- O Assunto

“Um pessoal de Brasília foi à terra yanomami e levou 3 mil quilos de cloroquina”, recorda presidente do Conselho Distrital de Saúde Indigenista.

Devastador tema em podcast da Renata Lo Prete. Se você ainda acha que os que estão no poder só são um monte de irresponsável que abre a boca sem pensar. Meu, eles sabem muito bem o que fazem.

Clique aí em https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2021/05/04/o-assunto-444-cloroquina-para-os-indigenas.ghtml


- "Esconda o passaporte brasileiro, se puder"

O dia que me pediram para não mostrar minha nacionalidade.

Na crise que marca o século, o Brasil conquistou lugar garantido no imaginário coletivo do planeta e nos livros de história. E da pior forma possível,

Do figurinha quase sempre presente aqui no DK, Jamil Chade mostra como o país “me mata de vergonha”, principalmente de 2016 para cá.

https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2021/05/06/esconda-o-passaporte-brasileiro-se-puder.htm


É isso, já deu. A trilha sonora enquanto escrevo a receita é o álbum da Lívia Cruz ao Vivo no Estúdio Showlivre. Tropecei nela depois de clicar na busca Rap Feminino. Não conhecia o trampo desta recifense de 35 anos. E, que já tá na estrada faz uma cara. Tá bem interessante.

Se chegou até aqui, obrigado pela consideração, por me ouvir.

Qualquer coisa, curta, compartilhe, entre em contato, de boa.

Abraço, e se cuide. Feliz todo dia, mães.

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