A apatia é grande e a crise é geral


 

E aí, beleza?!

O título da receitinha de hoje é tirada de uma música do Ratos de Porão. Aliás, para quem gosta desse tipo de som, o álbum RDP ao vivo, de 1992, é bom pacas. Eu tinha o CD, mas foi alvo de um furto em minha antiga casa.


A música mesmo, chamada Crise Geral, acho que é de 1987. Um outro contexto político, talvez, mas com a economia muito parecida com o que vivemos hoje. Inflação, pobreza que bate à porta, etc. Sim, ainda estamos melhor (sério, você que é novo, acredite) em vários aspectos do que aquela época de Sarney e tal. Em outros, negativaço.


Essa mão super conservadora, cega religiosamente, e dona de uma indignação seletiva e tanto, estava bem mais quietinha naqueles anos pós redemocratização. Nestes trinta e pouco anos avançamos em diversas áreas. Só que, de 2012 para cá, muita coisa se derreteu. Em 2016, a coisa se intensificou a favor dos reacionários, fascistas e cidadãos de “bem”. Bem hipócritas, só se for.


Imagine se fosse outro partido, ou um outro sobrenome, no lugar deste que está no poder e drena tudo que é energia boa. O ministro da Economia já tinha caído faz hora, com esse negócio de mandar uma pá de grana para fora do país e se livrar dos impostos tupiniquins. Que bom seria se todo mundo tivesse renda de pelo menos um milhão de reais. Seria o paraíso. Fiscal.


E se a primeira-dama fosse, digamos, Ruth Cardoso. E, que ela agisse pessoalmente para favorecer empresas amigas e adeptas do FHCismo no auge de uma pandemia? Alas, seria um “onde já se viu?Fora, fora! Mas, sei lá, a primeira-dama atual jamais faria este tipo de coisa. Daria um cheque em branco na mão dela para provar sua honestidade. Em tempo: Ruth Cardoso era outro patamar perto do que temos hoje. E, só para deixar claro, não usou seu nome para essas falcatruas milicio-palacianas.


Muitos (como o tal mercado) comemora a trégua do “talquei” com o STF. Puxa, um mês sem atacar o Supremo, que coincidentemente parece ter dado um tempo de pegar no pé da família real, ops, presidencial. Que, bom.


Ao que consta, o famoso jeitinho brasileiro entrou em campo. Um finge que governa, outro que fiscaliza, outro que legisla. Só que não. Barbaridades seguem dia após dia. O caso do veto ao acesso a absorvente para pelo menos 5 milhões de mulheres vulneráveis é daquelas coisas que deveriam causar no mínimo, uma indignação no povão. Que nada. O chefe disse que ia sair caro a despesa e tudo bem. Que algumas religiões são contra este tipo de coisa, e, que assim seja.


Sem contar a marca dos 600 mil mortos pela Covid. Seria como quase 70% da população de Campo Grande, minha terrinha, com seus poucos mais de 900 mil habitantes, desaparecesse do reino dos vivos. E, nada, indignação zero. Fazer o quê, ele não faz milagre. Esse mesmo Ele demorou muito, mas muito mais do que o necessário para comprar vacina, entre outras coisas, o que salvaria uma pá de gente. Em vez disso, dá-lhe pal de cal.


Ou, vai ver, milhões estão é sem força para reclamar. Literalmente. Com a comida cara, tudo caro, e o dinheiro cada vez mais ralo, fica difícil até ficar de pé. Quanto mais lutar por algo que parece tão longe da realidade de muitos, ocupados demais em sobreviver.


Os que seguem a ganhar muita grana vivem em outro mundo. E, infelizmente, empatia está longe de ser uma coisa inerente às elites brasileiras. Desde sempre. Triste é ver seus subalternos aplaudirem. Mesmo que tenha de entrar na fila da promoção de ossos do açougue e, em um orgulho besta, arrotar picanha.


É isso, já deu. O som de hoje no fone de ouvido, além da participação luxuosa da música do RDP, foi outro petardo ao vivo. Surf Beat Live, Monterey CA 1995, do Dick Dale. Olha, fazia tempo que não escutava um álbum com tantas faixas que gostei. Lenda do surf rock, da guitarra e tudo o mais, morreu em 2019, mas, com o perdão do clichê, estará sempre vivo em nossos corações. Uma hora vou falar ou escrever mais dele. Com emoção.


Brigadão mesmo por ler, pela companhia.
Qualquer coisa, comenta aí, ou pelas redes. Uso mais o twitter e o linkedin e, menos o face e o insta. Mas, fica a seu critério, de boa.


Abração, e siga com os cuidados. 



Links e afins que tem a ver com o humilde post


- Segue a letra na íntegra e um link para o som do Ratos de Porão, com o grande João Gordo no vocal.


Falam de anarquia

De lutar para viver

O povo hoje em dia

Aprendeu a perecer

Falam de anarquia, de lutar pra viver

O povo hoje em dia aprendeu a perecer

A apatia é grande e a crise é geral

Se lembram disso sempre, se esquecem no carnaval

Olhe pra sua vida

Tá difícil pra danar

Falta isso, falta aquilo

Mas pinga não vai faltar

Olhe pra sua vida, tá difícil pra danar

Falta isso, falta aquilo, mas pinga não vai faltar

A seleção é grande e a novela é legal

A vida é mais dura só depois do carnaval

A apatia é grande e a crise é geral

A apatia é grande e a crise é geral

A apatia é grande e a crise é geral

A apatia é grande e a crise é geral




- Crusoé: o balcão de Michelle Bolsonaro

https://www.oantagonista.com/brasil/crusoe-o-balcao-de-michelle-bolsonaro/


- Pandora Papers: Paulo Guedes aumenta impostos que 'foge' para não pagar

https://www.em.com.br/app/colunistas/ricardo-kertzman/2021/10/04/interna_ricardo_kertzman,1311188/pandora-papers-paulo-guedes-aumenta-impostos-que-foge-para-nao-pagar.shtml


- Bolsonaro completa um mês de trégua com Judiciário após atos golpistas do 7 de Setembro

https://br.vida-estilo.yahoo.com/bolsonaro-completa-um-m%C3%AAs-tr%C3%A9gua-121500243.html


600 mil mortos por covid-19 nesta sexta

https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/10/4954345-brasil-chega-a-tragica-marca-de-600-mil-mortos-por-covid-19-nesta-sexta.html


- Bolsonaro veta acesso a absorvente para mais de 5 milhões de mulheres vulneráveis

https://brasil.elpais.com/brasil/2021-10-07/bolsonaro-veta-acesso-a-absorvente-para-mais-de-5-milhoes-de-mulheres-vulneraveis.html


- Cardápio da miséria: carcaça de frango, pelanca, osso, pé de galinha e miojo

https://revistaforum.com.br/rede/cardapio-miseria-carcaca-frango-pelanca-osso-pe-galinha-miojo/

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