Não Cometa esse erro, olhe para cima

 

A mulher fala todo seu currículo, que inclui doutorado, vários idiomas, e por aí vai. Porém, o que fixa na cabeça do astronômo embasbacado pelo sucesso repentino é que ela transou com políticos poderosos. Esta parte do diálogo entre a apresentadora vivida por Cate Blanchet – que demorei para reconhecer – e o protagonista Leonardo Di Caprio é uma das partes mais emblemáticas do Não Olhe Para Cima.


Só por aí já dá para ter uma dimensão do quanto é interessante o longa de pouco mais de duas horas dirigido por Adam Mckay, que também assina o roteiro. A ficção com pitadas de comédia, ou comédia com pitadas de ficção é uma obra que trata de negacionismo e muito mais.


Na boa, por vezes tenho dúvidas se a realidade consegue ser menos assustadora.

Apesar de Di Caprio, as mulheres roubam a cena. Meryl Streep, como presidenta, é um show à parte. Aliás, fuçando na internet “descobri” que no roteiro original, o que acontece com ela já com as letrinhas dos créditos em andamento teve de ser alterado depois de um diálogo de improviso entre ela e o empresáro bilionário do ramo da tecnologia interpretado por Mark Rylance. Pois, é. Aquela conversa sobre como a presidenta iria morrer mudou o destino dela.


Já falei da Cate Blanchet e, de quebra, Jennifer Lawrence, como parceira de profissão de Di Caprio. O filme mostra “sutilmente” a diferença de tratamento quando uma mulher grita (“histérica”, “descontrolada”), e quando quem fala alto é homem (“macho”, “determinado”).

O fato de Ariana Grande participar da bagaça também é simbólico. Meu, por um instante pensei que ia rolar, sei lá, uma sátira ao atentado após o show dela, em Manchester, na Inglaterra, em 2017. Tá loco.


Do núcleo masculino, além de Di Caprio, e Mark Rylance, uma menção honrosa para Jonah Hill, que faz o filho de Meryl Streep, e tem um cargo de assessor para bulhufas nenhuma. O cara é comédia, e acho que desta vez, se superou. Ficou bem bom.


Me perguntaram se é filme para ganhar o Oscar. Acho que não. Mas, é puro achismo de um leigo que acredita ser difícil a Academia premiar uma produção até certo ponto engraçada. Sem contar, os demais concorrentes. Ah, e, sinceridade constrangedora, considero que essa estatueta de 34 cm e 3,8 quilos, já pesou mais em meu gosto.


Ah, se quiser (re)rever o trailer...


Como disse, Não Olhe Para Cima trata de muito mais coisa do que negacionismo. É um apanhado do que se passa agora, racismo, machismo, pobreza, riqueza, redes sociais, e por aí vai. Gostei muito. O diretor – que também dirigiu o político Vice – soube lidar com o elenco estelar diante de um meteoro de sensações.


É isso, abraço.

Se cuida

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