A Filha Perdida é para qualquer uma, mas não para qualquer um

 

A Filha Perdida é um filme muito bom. É que não vou ter o mesmo olhar de uma mulher ao assistir este longa de Maggie Gyllenhaal, ótima atriz que dá seus primeiros passos (e que passos!) na direção. Isso me incomoda, não é a mesma coisa. Se você já viu, deve ter entendido, né?!


Aliás, Olivia Colman detona mais uma vez. Não vi The Crown, mas assisti A Favorita. E. na boa, ela salva o filme de 2019, tanto que ganhou o Oscar de Melhor Atriz, e ofuscou Emma Stone e Rachel Weisz. De novo, a britânica está na briga pela estatueta.


A Filha Perdida, para quem está meio por fora, trata-se de uma professora de meia idade (Leda interpretada por Olivia Colman) que vai tirar umas férias em uma ilha grega, daquelas bem feias, só que não. Porém, como às vezes acontece, chega um pessoal animadão até demais e acaba com o sossego dela. Acaba de tantas formas que, se fosse só pela algazarra seria menos mal.


Nesta famíla do barulho tem a Nina, uma mãe que tem uma filhinha bem espoleta. Nina em questão é Dakota Johnson. Olha, eu sou capaz de apostar que é uma das melhores interpretações desta texana.

Cada cena que participa carrega um sentimento de vazio existencial, sua atuação não sai do tom. Por vezes parece deslocada, transparece sobrecarregada, ainda tem um casamento que está longe de ser uma maravilha.


No começo, Leda só observa. Quanto mais acompanha os passos de Nina, mais se identifica. A ponto de lembrar de quando tinha a idade da jovem. Neste ponto, entra Jessie Buckley para fechar o trio feminino que conduz maravilhosamente o roteiro da Gyllenhaal premiado em Veneza.


Então, a irlandesa (fez Estou Pensando em Acabar com Tudo, também da Netflix) dá vida com maestria aos flashbacks de Leda enquanto mais nova. Na época, era uma tradutora que tinha de equilibrar a carreira com cuidar das duas filhas. Para variar, seu companheiro e pai das crianças, dava “aquela força”. Deste modo, a identificação da Leda com Nina tornou-se inevitável. Bem como o relacionamento mãe-filha(s), e o direito de curtir a vida do jeito que quiser. Ser feliz.


Esse é o ponto principal que Maggie explicita em seu filme. Não tem como deixar de pensar em toda a carga pesada que a sociedade impõe às mulheres.


Tudo isso a bordo de atuações seguras, boa trilha sonora, cenas por vezes tensas, mas sem diálogos encheção de linguiça ou lições indiretas de moral. Ao mesmo tempo que o longa debate um tema espinhoso, o faz de forma sutil, mas sem margem para sair pela tangente. O elefante está no meio da sala.


Ah, o filme é baseado em livro da escritora italiana Elena Ferrante. Menção honrosa para Ed Harris, competente como sempre. Além das crianças, brincadeira como elas foram bem!

Já deu, vou parar de falar do filme. Certeza, tem bem mais coisa do que eu disse.


Abraço, se cuida.






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