Ataque dos Cães é daqueles filmes que te fazem sentir algo


“Um fazendeiro durão trava uma guerra de ameaças contra a nova esposa do irmão e seu filho adolescente ― até que antigos segredos vêm à tona.” Isso que é sinopse longe de querer dar spoiler essa o da Netflix para Ataque dos Cães – em inglês The Power of Dog.


“Kishô, assiste aí que é um filmão, tenso...”. É, tem mais de duas horas… brincadeira. Obrigado pela dica.

O filme é dirigido por Jane Campion. Aliás, também da Nova Zelândia, como Peter Jackson, de quem falei semana passada, em The Beatles - Get Back. Jacinta Ardern também é daquelas áreas. Alas, foi mal, mas tinha que dar um jeito de citar ela.


Ataque dos Cães, se você não viu, pode assustar pelo título dado no Brasil. Em Portugal, parece que é O Poder do Cão.

Fica de boa, garanto que a violência do jeito que primeiro vem à nossa cabeça é distante do mote principal do longa baseado em um romance homônimo escrito por Thomas Savage, em 1967. Ele faleceu em 2003, segundo o Wikipédia.


Para quem espera tiro, (muita) porrada, e sangue a jorrar, esquece. Nem cachorro tem direito. Digamos que Ataque dos Cães é sutilmente violento. A intepretação de Benedict Cumberbatch é de tirar o chapéu. O Doutor Estranho tem uma atuação tão ou melhor do que em Jogo da Imitação (2014). Aliás, baita filme, recomendo muito. Ainda mais que a vida sem computadores é inimaginável nos dias de hoje.


Então, o ator inglês de 45 anos faz o tal fazendeiro durão Phil Burbank. Tipo estilo “rústico”, diz não gostar de tomar banho, fala alto para mostrar quem manda, humilha os mais fracos, ou o que e quem te perturba. Por outro lado, tem uma espécie de bloqueio quando tem de tratar com o irmão George, cujo papel foi vivido por Jesse Plemons. Uma relação meio adestrador e fera.


Daí piora as coisas para o Phil porque George tá meio de saco cheio dessa vida de gado e tal. Deseja algo mais, vê a idade chegar, talvez seja hora de fazer parte da sociedade ou só juntar os panos com alguém. 

E essa “alguém” aparece como Kirsten Dunst, competente como sempre. Impressionante como é versátil essa estadunidense de New Jersey, não?! Tá perto dos 40, mas se for parar e relembrar já o que ela fez (de Homem Aranha a Virgens Suicidas, por exemplo) são outros trocentos.


E, para completar Kodi Smit-McPhee faz o filho Peter. Não sabia, esse garoto australiano de 25 anos é quem faz a voz do adolescente Norman na animação ParaNorman, de 2013. Massa! Na real, não conhecia, e O Ataque dos Cães rendeu a ele o Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante. Aliás, a produção ganhou de melhor filme. Tudo bem, a edição do prêmio deste ano foi meio estranha, para dizer o mínimo. Mas, como se diz, título é título, né.


Jane Campion foi quem dirigiu O Piano (lembra? Premiadão, é de 93, tem a Holly Hunter, Harvey Keitel, legal também), entre muita coisa. A neozelandesa cria uma atmosfera densa, que rendeu a ela o Leão de Prata.


Sabe quando você acha que a história caminha para um “vai dar merda”, “agora que vou ficar com mais raiva do cara”. Só que não é bem assim. Parece combinar com aquelas imagens bucólicas do country dos EUA do começo dos anos 1900. 

Tudo ao seu ritmo. Inteligente. Só para deixar o espectador mais agoniado. Por isso que botei uma fé no elenco, principalmente o trio Cumberbatch, Smit-McPhee, e Kirsten Dunst. Segura o filme sem cair do cavalo.


Em pouco mais de duas horas, uma pá de referências passou na minha cabeça: de filmes de faroeste das antigas, a Brokeback Mountain (2005), e dramas familiares e/ou que abordam o comportamento de uma sociedade. Tem coisas que parecem nunca mudar, não é?! 


Então, para variar, depois de um tempo, comecei a remoer o filme na cabeça, e cheguei à conclusão que é um filme merecedor de ser visto. Faz sentido, tem sentido, é sentido.

Abraço, se cuide sempre.


Segue o trailer





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