Ninguém Sabe Que Estou Aqui é um belo achado

A dica da vez é mais uma daquelas que muitos já assistiram. E eu, só agora.

Ninguém Sabe Que Estou Aqui. Ou, em espanhol, Nadie Sabe Que Estoy Aquí. Lançado em 2020, do diretor Gaspar Antillo, é o primeiro filme chileno com o carimbo da Netflix.


Cara, não parece, mas o longa metragem é intenso. Antes, bora lá para um pequeno resumo, pois o medo de sempre de dar algum spoiler me impede preguiçosamente de ater em muitos detalhes.


A história trata de um jovem gurizão que vive com o tio, quase como um ermitão em uma pequena ilha no Chile, a cuidar de suas ovelhinhas. Quando garoto – nessa fase, o personagem é encenado por Lukas Vergara - ele queria ser cantor, mas, viu sua voz ser emprestada para um rosto mais bonito. Ou seja, o dublador levou todas as honras. Essas coisas sempre me lembram o caso do Milli Vanilli, lá no fim da década de 80 para começo dos 90. E o seu indefectível hit Girl you know it's true. Se você tem mais de trinta, com certeza, escutou.



Saca, aquelas situações que a pessoa rala, faz todo o trabalho, e chega outra, boa de lábia, sabe fazer o marketing pessoal e tal, e leva todo o crédito? Então, mais ou menos isso. E, acho que deu de dizer sobre a história do Ninguém Sabe. Vai que você ainda não deu o play nesta produção de uma hora e meia.


Por que achei intenso? Ah, o começo é meio paradão – no bom sentido - umas (belas) tomadas contemplativas. Bucólicas, até. Porém, acaba a tornar-se uma armadilha bem feita pelo jovem diretor de 39 anos, nascido em Santiago, junto com mais dois roteiristas, Enrique Videla e Josefina Fernández. Quando entra em cena a personagem feminina, Marta – vivida por Millaray Lobos – o filme acelera o ritmo, aos poucos, pero sin perder la ternura.


O protagonista dá um show, não é Memo? O personagem de Jorge Garcia é de uma grandeza, costura tão bem sua interpretação e, assim, deixa claro, que Ninguém Sabe Que Estou Aqui está longe de ser uma canoa furada


O ator principal nascido em Nebraska, filho de uma professora cubana com um médico chileno, dá muito peso ao filme, mas ao mesmo tempo é de uma leveza. “Ele te prende, você quer saber como será o final”, disse uma amiga com quem troquei uma ideia no dia seguinte ao que assisti a produção em língua espanhola. Acho que, na real, a gente torce mesmo. No trecho final, pô, emocionei. Que coisa.


Paralelo a isso, Gaspar Antillo nos apresenta uma fotografia caprichada, sobretudo as tomadas aéreas, e muito mais do que uma crítica somente à indústria musical. A produção explicita o sensacionalismo, a falta de privacidade, o mau jornalismo – em uma passagem, fulano diz que é “jornalista autodidata”, e a(s) bolha(s) formada(s) com a intromissão cada vez mais forte das mídias virtuais, da (mal)dita civilizaçao. “Não tem YouTube? Internet”.


Viu?! A obra engloba ou dá uma passada por algumas coisas complicadas da nossa vida atual em aproximadamente 90 minutos. A gente que se acostuma com séries ou filme de mais de duas horas parece que levou um tapão na cara (com uma luva bem macia, talvez). Aquela sensação de “ah, pelo menos uns dez, quinze minutos não faria mal”.


Isso porque daria para especular sobre a metáfora de foguete/astronauta, discutirmos o quão proposital foi a música ser cantada em inglês dentro de uma produção nitidamente latina, e otras cosas.


Aliás, Nobodys Knows I’m Here, de Carlos Cabezas, é muito boa. Olha só um trecho da letra



Nobody knows I'm here, yeah, yeah, yeah

Nobody’s talking to me

And no one can set me free

Nobody knows I'm here, yeah, yeah, yeah

Someday the stars over me

Will fill what I need to feel


Ninguém sabe que estou aqui, sim, sim, sim

Ninguem esta falando comigo

E ninguém pode me libertar

Ninguém sabe que estou aqui, sim, sim, sim

Algum dia as estrelas sobre mim

Vai preencher o que eu preciso sentir


É… já deu, cantei a dica. Fica a seu cargo se vai girar a cadeira e dar uma chance. Ou rever de novo.


Abraço. Se cuida.


Qualquer coisa, comente aí ou se preferir, pode trocar ideias pelas redes ou por e-mail drugstorekisho@gmail.com


Segue o trailer



Ah, se puder apoiar, agradeço desde já.


Ou, se quiser, faça um pix com o valor que considere justo o trabalho – a chave é lucianoshakihama@gmail.com

Um salve especial para Cláudia Lucas Mendes e Tainá Jara. 

Brigadão mesmo pela suas contribuições. Abração.


Não tenho brindes, mas posso ao menos te agradecer por aqui no próximo texto. E, se quiser, te menciono nas redes. Quem sabe, mais para frente, role alguma coisa. Aceito sugestões.


Valeu! 

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