A dica da vez é sobre Corpo e Alma. E sonhos

 

Tem uns baratos que não dá pra perceber, que tem mó valor e você não vê, como já rimou Mano Brown. Ainda bem que desta vez deu tempo. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2018 – perdeu para o chileno Uma Mulher Fantástica – e vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim, o húngaro Corpo e Alma é uma boa pedida.


Passou no Canal Brasil há umas duas semanas. Tava zapeando e decidi gravar para ver depois. Dei sorte. Soube só depois que o longa de quase duas horas dirigido pelo húngaro bom da peste Ildiko Enyedi “até” que era conhecido.


Pelo que dei uma olhada, a produção lançada em 2017 tem no catálogo de vários lugares (Prime Video, YouTube, Google Play, Apple TV). Se estiver a fim de (re)ver, vai lá.


Corpo e Alma é… como vou explicar? No começo parece que não vai, e quando você percebe já está naquela de torcer para que tudo dê certo no fim.


O filme se passa em um abatedouro e seus funcionários. Em uma alusão rasteira, a direção do húngaro nascido em Budapeste quer nos convencer de que o lugar é uma espécie de Malhação (aquela mesmo). Exagerei, acho eu. Mas, entendeu, né?! Estilo ambientes de trabalho em que o ofício da maior parte das pessoas parece ser vigiar e comentar a vida alheia.


Neste cenário o Endre, diretor financeiro do matadouro, parece pouco se importar com o seu redor. Cara de poucos amigos, literalmente. Fica na dele, modo eta vida besta, meu Deus, como eternizou Drummond de Andrade.


Até que aparece Mária, a nova contratada para ser a inspetora de qualidade dos abates e tal. 

Introvertida, a personagem belamente interpretada por Alexandra Borbély tem um comportamento que a “sociedade em geral” qualifica como estranho, não entende, ou tem certa má vontade em compreender. 

Queria dizer mais coisas sobre a personalidade dela, só que vai que você vai assistir pela primeira vez.


Fato é que rola um furto bem estranho no abatedouro, entra polícia no meio, e todo mundo passa por entrevista individual com uma psicóloga. 

Em um questionário até certo ponto embaraçoso, Mária e Endre – interpretado e bem por Géza Morcsányi – revelam ter sonhado a mesma coisa. 

A psicóloga, Klára - cuja atriz Réka Tenki se mostra uma competente coadjuvante - fica pistola ao achar que os dois combinaram o que iam dizer. Uma pegadinha! Só que não.


A partir daí, os laços e encontros insólitos entre Mária e Endre vão a atar e desatar e atar. O processo de aproximação, o sonhar, o acordar, o retratar do cotidiano de ambos, as diferenças, manias, etc permeiam o filme.


Soma-se isto aos tipos que trabalham na empresa. Periga você identificar alguns que parecem com algum conhecido.


Interessante notar também é como a produção húngara expõe o comportamento humano, seus estereótipos, o mental, a dificuldade em entender uma pessoa que não é considerada “normal”. 

Adorei uma música que toca lá, What He Wrote. Quem canta se chama Laura Marling. Pelo que olhei na internet, pessoal que assistiu Peaky Blinders (não assisti) vai reconhecer o som.


Mais uma vez, esqueça dos cortes rápidos, edição frenética, e tal. Por vezes, Corpo e Alma lembra cenas de filmes brasileiros, com closes e uma narrativa propositalmente lenta. 

Deu para perceber que gostei. Fica a dica, talvez você prefira dormir. Em todo caso, bons sonhos.


Abraço, se cuida.


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Quem sabe mais para frente role alguma coisa. Aceito sugestões.

Valeu!


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