Hoje é post de rock, bebê. Angel Dust, do Faith no More, faz 30 anos


E, mais uma para a sessão Predileção por datas redondas. Ou, às vezes, nem tanto. Se você tem mais de quarenta já ouviu lá no fim da década de 80 para começo da 90, um estilo mais rock do que outra coisa, que chamaram de funk metal. 

Como o próprio nome diz, voltava-se para bandas que misturavam funk. rap (?)– na boa, seria mais justo se chamasse rap metal – com um rock menos pop. Entendeu? Se bobear, nem eu.


Acho que o principal sobrevivente daquelas bandas é o Red Hot Chilli Peppers – sobretudo a partir do álbum Mother’s Milk (1989). Se bem que Anthony Kiedis, Flea, Chad Smith, e John Frusciante fazem hoje um som bem mais diferente. 

Sei lá se maduro seria a palavra certa. Sempre há aqueles que torcerão o nariz, defenderão os primeiros trabalhos, e auto denominam fã raiz. Em todo caso rendeu frutos.


Naquela época tinha uma pá de banda nessa batida. Em Campo Grande, o jeito era garimpar ou ter a sorte de conhecer alguém que já ouvira também. Depender das rádios era muito complicado.

Living Colour, Mucky Pup, Scatterbrain, Heads Up, Suicidal Tendencies eram alguns dos nomes que escutei a barulheira. Deve ter mais, certeza.


Porém, Faith No More. Sei, muitos que conheço pararam com eles depois do clássico The Real Thing, também de 1989, o terceiro do grupo e o primeiro com o vocalista talentoso e gente boa Mike Patton – no lugar de Chuck Mosley. Nossa, daria para escutar e falar deste álbum por um tempão. Quem sabe em 2025?


Só que em junho de 1992, portanto há 30 anos, o grupo oriundo de São Francisco, Califórnia, volta com o Angel Dust. Eu tinha a fita K7. Nem lembro quando e aonde comprei, se foi na Americanas do centro, ou na Mesbla que tinha no Shopping Campo Grande, ou em outro pico.


Para quem esperava a continuação da porradaria do trabalho anterior, as 14 faixas deste trampo já se mostra bem diferente desde a capa. Literalmente, os caras da banda tiveram a liberdade de por a imagem de um cisne branco. O último com Jim Martim na guitarra, que depois saiu de uma forma não muito legal aparentemente.


Antigamente, tinha muito disso na cena musical, sobretudo a roqueira. Dizia-se que tal banda traiu o movimento, se vendeu. Por outro lado, quando artista mudava um pouco a sua palheta musical falava-se que os músicos buscavam um lance mais conceitual, pessoal, se realizar, sem se importar com os fãs. Pensando bem, que legal era isso. Hoje, cada vez mais quem pode evita sair da fórmula que deu certo. Medo de perder seguidores, engajamento, e tal.


Pois, Angel Dust envelheceu bem. E, logo de cara, digo que as minhas preferidas são as mais calminhas.

Como Midlife Crisis, que manda na letra


You're perfect, yes, it's true

Você é perfeito, sim, é verdade


But without me you're only you (only you)

Mas sem mim você é apenas você


Your menstruating heart

Seu coração que menstrua


It ain't bleeding enough for two

Ele não está sangrando o bastante para nós dois


It's a midlife crisis.. It's a midlife crisis..

É uma crise da meia-idade... É uma crise da meia-idade


Com Billy Gould, no baixo, Mike Bordin, na bateria, e Roddy Bottum, nos teclados, o álbum que na época dividiu os fãs e crítica, também aproveitou o auge da MTV. Vide Small Victory, cuja música termina com este trecho




If I speak at one constant volume

Se eu falar em um volume constante


At one constant pitch

Em um som constante


At one consonant rhythm

Em um ritmo constante


Right into your ear,

Bem na sua orelha


You still won't hear

Você continua sem ouvir


A tríade de sons “calminhos” fecha com Everything’s Ruined. Até ia por um trecho da letra, mas já deu, né?! Qualquer coisa, pesquise aí.


Interessante é que naquela época – acho que sempre existiu – já tinha o pessoal que criticava sem saber direito. Como assim não tem um som nervoso neste Angel Dust?


Representam o lado mais pesado do álbum, as faixas Malpractice, e Jizzlobber – esta faixa um deboche o vocal de Mike Patton – que este ano fez a banda cancelar turnê para cuidar da saúde mental. Segundo ele, piorada devido aos problemas da pandemia da COVID-19. Pensar que muita gente não leva a sério essa bagaça, inclusive gente grande da música. Vai vendo.


No álbum, FNM flerta com um som diferentão em comparação ao The Real Thing, como na RV, e faz um cover bacana de Easy, do The Commodores. Dá uma zoada bem ao sentimento da época, com músicas tipo Be agressive. Cujo refrão parece um, vamos lá, repitam em coro: B-e-a-g-g-r-e-s-s-i-v-e .


Angel Dust, na modesta opinião deste que escreve, merece nova chance para quem ouviu quando bem mais novo. Completa três décadas inteirão.


Àqueles que ouviram falar só agora ou por outro motivo deu de ombros em outras épocas, fica a dica. Ah, é daquelas coisas que você ouve uma vez e acha mais ou menos. Escuta a segunda, já nota coisas interessantes. E, por aí vai. Ou, vai que nem é tudo isso mesmo.


É isso aí. Abraço, e se cuide.


Qualquer coisa, comente aí ou se preferir, pode trocar ideias pelas redes ou por e-mail drugstorekisho@gmail.com





Ah, e se puder apoiar, agradeço desde já.

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Não tenho brindes, mas posso ao menos te agradecer por aqui na próxima vez. Se quiser, te menciono nas redes, ou envio os próximos posts por e-mail. 
Quem sabe mais para frente role alguma coisa. Aceito sugestões. 
Valeu!

Comentários

  1. Discografia obrigatória. Me lembro do dia que comprei esse disco. Billy Gould é um dos meus baixistas favoritos. Na época muita gente criticou o álbum. Eu amo esse disco.

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