Neruda para quem gosta de Neruda

 

Aviso: Neruda, o filme lançado no fim de 2016, é estilo “só para fãs”. Ou, no mínimo, para quem gosta ou se interessa pela vida do poeta/político chileno falecido em 1973, aos 69 anos. Posto isso, outro toque: quem for assistir preparado para assistir um longa estilão mais ou menos documentário, também pode se decepcionar. Ou, será reles pré-conceito? 


Se você já viu esta produção – tem na Netflix – sabe disso. Ou, não. Fica. A dica.

Assisti semana passada, porém, desde o começo deste ano Neruda me encasquetou por “culpa” do amigo Nelson Urt. Ele fez um post no Facebook sobre o filme muito legal. Aliás, vários degraus acima do que você vai ler aqui. Urt é outro patamar.


Sabe, aquele lance do “opa, vou ver depois”. Então, o tal deixar para mais tarde foi fondo, fondo, até que chegou só por estes dias.


Olha só, coincidentemente Neruda é dirigido por outro Pablo, o Larraín, Também chileno, foi ele quem dirigiu No, lançado quatro anos antes. Filmão. Tenho de versar sobre esta obra.


Em comum entre No e Neruda, o diretor de 45 anos, portanto nascido após o falecimento do grande cara Prêmio Nobel da Literatura de 1971, escalou como um dos nomes principais do elenco, o mexicano Gael García Bernal.


Provavelmente o nome mais conhecido entre os que estão em Neruda. Gael faz o papel do policial que tem a missão de encontrar e prender Pablo Neruda. Interpretado e bem por Luis Gnecco, o poeta e agora senador tem sua prisão decretada por sua posição comunista em época de caça às bruxas à esquerda.


O filme mistura coisas que aconteceram na real. E lirismo. “Posso escrever os versos mais tristes esta noite”, declama Neruda em uma de suas reuniões ou noitadas ilustradas diante das câmeras regidas por Larraín.


Cenas de repressão e violência ficarão mais a cargo da imaginação do espectador. O filme trata mais de entrar na cabeça do policial, no coração de Neruda. Lado a lado a obra tenta dar argumentos do porquê um ficou assim e outro tomou outro rumo. Origem é uma coisa muito intrigante.


Digno de nota é uma passagem dos prisioneiros quando chegam nos gélidos campos destinados a ali ficarem confinados. E no local há na chefia um emergente militar chamado Augusto Pinochet. Respiro fundo.


Como escreveu o Nelson Urt: quem sabe anima o pessoal a ler obras desse baita personagem da história mundial.
Sinceridade embaraçosa: nunca peguei para ler um livro de poesias do Neruda. Azar o meu. 
Gosto muito de poesias, acho que o mundo precisa de mais versos em tempos tão controversos. Confesso, estou em falta. Muita.


Lembro que Neruda foi mote de um filme que fez bem mais sucesso. O premiado Carteiro e o Poeta, de 1994. Se minha memória não falhar, faz um tempão que assisti, o longa da vez não tem muito a ver com a obra do fim do século passado, se você estava achando isso. Eu acho.


Neruda foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme em Língua Estrangeira de 2016 e perdeu para Elle, de Paul Verhoeven, que não assisti e vou demorar um pouco. Ou muito.


A Netflix rotula o longa chileno como drama bibliográfico. Pode ser. Acrescentaria que por vezes assemelha a um suspense policial nível perseguição gato e rato. Lógico, com o Jerry invariavelmente melhor que o Tom.

Mais um pouco de romance, de ode a vida. Assim Larraín buscou retratar o genial, mas muito humano, Neruda.


Fico por aqui. Sei lá, dá um certo receio escrever sobre alguém que foi e é tão monstro, um latino-americano que virou referência mundo fora.

Imagina então o diretor, o elenco... Só de encarar os papéis ciente de que no roteiro terá de enfrentar críticos e muita gente que sabe a vida de Pablo Neruda de tudo quanto é jeito. Baita sinal de coragem, e um pouco de loucura, talvez.
O Chile é um lugar que gostaria de conhecer.


Abraço, se cuida.


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Valeu!


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