A dica da vez é Jogo do Bicho na cabeça

 

Quer saber pelo menos um pouco do que o Brasil virou, vai virar, ou tá virando, a depender do seu ponto de vista? Lei da Selva – A História do Jogo do Bicho te dá um Rio de pistas. Com direção de Pedro Asbeg, assisti pelo Canal Brasil, tem no Now (da Claro TV), mas tem também na Globoplay. O documentário tem quatro episódios e narração de Marcelo Adnet.


Um aviso: se aparecer alguns trocadilhos perdidos por aí, foi mal. É que é difícil tratar de Jogo do Bicho sem uma certa dose de, sei lá, não achei a palavra certa. Vai assim mesmo, deve ser um sinal de sorte.


Outro aviso: Creio que nem precisava, mas vai lá: quem apoia esse desgoverno federal, melhor parar por aqui.


Posto isso, comecei a assistir Lei da Selva já consciente de suas boas credenciais. Embora, sem ler nada mais aprofundado sobre o documentário calcado em muita informação, muito jornalista bom, muita gente boa. Pô, só de ter o Luiz Antônio Simas já é um peso e tanto. Tem carnavalesco, vendedor, policial civil aposentado, e por aí vai.


Com edição e visual gráfico bem montados, o trabalho desenrola um fio que começa nos primórdios da origem do Jogo do Bicho, antes de 1900. Interessante é notar como Aisbeg, talvez fruto de sua paixão pelo futebol e companhia, tenta por vezes dar um ar tragicômico ao jogo de azar.


Que, aliás, virou mania país afora. Inclusive, na minha época de moleque, sobretudo anos 80, aqui mesmo em Campão, pessoal jogava tranquilamente. Depende do que você sonhara na noite anterior, era um bicho, um palpite. Hoje em dia, acho que tá em extinção. Aquela aura de “legalidade” foi embora faz tempo.


Porém, ao que parece, na Cidade Maravilhosa ganhou ares bem mais organizados e violentos do que a média. Os animais racionais, a la Darwin, se adaptaram e seguem dominantes nessa fauna que de belo não tem nada.


Criação nascida em uma região para ajudar a manter um zoológico na cidade carioca. Já no primeiro episódio, de Lei da Selva, O Bicho Pegou. Políticos, escolas de samba, comunidades, tudo isso e muito mais parece se entrelaçar nas mãos dos bicheiros.



Essa roupagem “povão e do bem” que os banqueiros do Jogo do Bicho buscavam segue explicitada no episódio seguinte. Mas, o documentário começa a dar indícios de que a coisa vai extrapolar os limites da “inofensiva” loteria.


No episódio 3, a Justiça – ou alguns que desejavam remar contra a maré – aparece para tentar acabar com a brincadeira. Enjaulados refresca a memória do que foi o trabalho da então juíza, hoje também política, Denise Frossard. Em uma audiência no Tribunal de Justiça do RJ, ela deu voz de prisão aos maiores líderes do Jogo do Bicho na época.


O documentário fecha com o episódio Pátria Armada. Que faz a conexão com o que hoje é o Rio de Janeiro da (i)legalidade. Em uma amostra, creio eu, do que o país pode se tornar caso não haver uma mudança de rumo que tem de começar estourando em 2 de outubro. O tempo urge.


A série documentário tem uma trilha musical bem bacana. Zerovinteum, música do Planet Hemp, cai como uma luva, por exemplo. Imagens dos desfiles da Escola de Samba, do futebol no Maracanã, e entrevistas de arquivo pontuam bem o trabalho de Aisbeg e companhia.


A narração de Adnet, bem como a maria dos entrevistados, para quem não é carioca, como este que escreve, parece muita vezes em um tom humor carioca “tá foda, mas isso é o Rio de Janeiro, amo essa bagaça”. Talvez, por ou sem querer, uma ode principalmente à cidade. Mais do que propriamente ao estado fluminense. Ou seria, mais um lamento, um alerta?


Aisbeg e mais uma pá de gente, ao que vi de relance, também participam do Relatos do Front. Ao que parece, outra pedrada centrada na violência cotidiana imposta aos pobres, principalmente aos pretos. Este ainda vou assistir.


Sobre o Jogo do Bicho, também tem o Doutor Castor, baseado no bicheiro Castor de Andrade. Produção da Globo, também dizem que é muito bom. Caraca, até parece uma trilogia. Puro chute meu.


É isso aí, fica o palpite, ops, a dica. Lei da Selva – A História do Jogo do Bicho bem que poderia passar na rede aberta e em um horário palatável. É o tipo de coisa que quanto mais gente ver, melhor para todos. Ou, quase todos.

Se não assistiu, assista e tire suas próprias conclusões.


Abraço, se cuida.





Qualquer coisa, comente aí ou se preferir, mande uma ideia por e-mail drugstorekisho@gmail.com

ou via

Twitter – https://twitter.com/KishoShakihama

Linkedin - https://www.linkedin.com/in/lucianokishoshakihama/



Lembrete de sempre: Se puder apoiar, agradeço desde já.


Se quiser, faça um PIX, com qualquer valor – a chave é lucianoshakihama@gmail.com


Valeu!


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Piedade. É a dica

Na Copa, torça para o que você quiser

Um sonho, ver o ultraprocessado se tornar naturalmente ultrapassado