Manifesto atrasado minha saudade por Chico Science

 

Opa, e aí, beleza?!

São nesses dias que mais sinto falta de boa gente boa. Chico Science foi um destes. O movimento Manguebeat (ou Manguebit, whatever), faz 30 anos. Conheci este asssoprão na cultura brasileira que surgiu lá em Recife um pouco depois.


Deste modo, me senti desconfortável em falar sobre o Manguebeat propriamente dito, que tem em sua pedra fundamental o manifesto escrito por Fred Zero Quatro, da (outra grande) banda Mundo Livre S/A. Se quiser saber mais sobre o texto redigido em 92 clica aí http://www.recife.pe.gov.br/chicoscience/textos_manifesto1.html


Daí que, atrasado, me toquei que a morte de Francisco de Assis França completou 25 anos em 2022. Para ser mais exato, um dois de fevereiro. Se você chegou agora, sem problemas. O olindense Francisco de Assis França é o glorioso Chico Science.

Meu, foi amor à primeira audição quando escutei Monólogo Ao Pé do Ouvido, que abre o álbum Da Lama ao Caos, de 1994. Ela começa assim:


“Modernizar o passado

É uma evolução musical

Cadê as notas que estavam aqui

Não preciso delas!

Basta deixar tudo soando bem aos ouvidos

O medo dá origem ao mal

O homem coletivo sente a necessidade de lutar

o orgulho, a arrogância, a glória

Enche a imaginação de domínio

São demônios, os que destroem o poder bravio da humanidade

Viva Zapata!

Viva Sandino!

Viva Zumbi!

Antônio Conselheiro!

Todos os panteras negras

Lampião, sua imagem e semelhança

Eu tenho certeza, eles também cantaram um dia”


Desde então, essas e outras músicas de Chico Science, junto com a Nação Zumbi, meio que viraram hinos para mim seja em uma imaginária playlist motivacional e de auto-ajuda, ou só para curtir mesmo.


Como se auto definia, Chico era um garotinho cheio de ideias. O primeiro contato visual que tive com sua obra deve ter sido pelo clipe A Cidade, e seu “a cidade não para, a cidade só cresce. O de cima sobe, e o de baixo, desce”.




Em 1996, ele, junto com o baita guitarrista Lúcio Maia, Jorge Du Peixe, Bola 8. Pupilo, e companhia, dispararam o Afrocibederlia. Segundo álbum, menos cru musicalmente, mais elaborado tecnicamente, e com as boas letras de sempre. Para variar, gamei logo na abertura. Saca só, o começo, com Mateus Enter:


“Eu vim com a Nação Zumbi

Ao seu ouvido falar

Quero ver a poeira subir

E muita fumaça no ar

Cheguei com meu universo

E aterrisso no seu pensamento

Trago as luzes dos postes nos olhos

Rios e pontes no coração

Pernambuco embaixo dos pés

E minha mente na imensidão”


Para um garoto recém ingressado na faculdade, o sentimento de pertencimento que Chico transmitia em suas letras era algo muito acima da média. Sei lá, o astral do pessoal era outro, diferente do que nos assombra nestes últimos anos.


Um arrependimento é não tê-lo visto em carne e osso.


De consolação, a lembrança de passagem do Nação Zumbi em Campão. De grátis, na praça do Rádio, coração da Cidade Morena. E, com direito a Brô MC's antes, e Milton Nascimento, depois. Sério, teve isso.

Se não me engano, foi em maio de 2010. Olha só, que coisa, o evento fez parte de um projeto denominado Ava Marandu – Os Guarani, desenvolvido pelo então Pontão de Cultura Guaicuru. Com o apoio do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural. Pesquei as info deste link aí: https://bityli.com/ePuSDt  . 
Impensável receber esta ajuda federal de 2016 para cá, né?!


Chico no deixou aos 30 anos, em um acidente de carro. Dirigia na estrada Recife-Olinda, tranquilo, iria pegar a irmã. O maldito cinto de segurança não funcionou. Não há indenização que cubra o buraco deixado por sua ausência.
Meses depois eu faria vinte. Fiquei chateado como quem perde um amigão. Ir ao show deste mangue boy era um dos objetivos deste jovem de então.




No fundo, queria mesmo é dizer que há pessoas que são especiais. Passam por sua vida de uma forma passageira, mas tão legal, leve, como, sem você perceber, o objetivo fosse te transmitir uma mensagem. E, vão.


Alguns, que bom, seguem vivos, porém, longe do meu habitat, o Mato Grosso… do Sul. Outros, como Chico Ciência, o “Cidadão do Mundo”, estão em qualquer lugar que posso imaginar. Muito foda. Termino por aqui com os ecos da galera em seus shows: Chico! Chico! Chico!


É isso.


Se chegou até aqui, espero que tenha gostado.


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Brigadão


Abraço, se cuide.


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