A dica da vez é para sua segurança


 

E aí, beleza?!


Inesquecíveis dias 29 e 30 de outubro. Escrevo em pleno Dia dos Finados. Quarta-feira. Só agora acho que começo a assimilar o turbilhão de emoções. Sábado, alegria, saudações aos rubro-negros. No domingo, acho que mais alívio do que tudo. Ainda não acabou. A rodovia para uma certa normalidade é longa. Muitos bloqueios no caminho. Sigamos alerta. Ou, com medo. Faz parte.


Em mais um momento “atrasado estou um pouco, sim”, assisti ao Relatos do Front – A Outra Face do Cartão Postal, no Canal Brasil. Tem na Globoplay, porém somente para assinantes, eu acho. Não tenho pacote.


O Relatos é um documentário dividido em quatro partes e, pelo que entendi, dá sequência ao filme Relatos do Front, de 2018, que não assisti. A série tem direção de Renato Martins e enfoca principalmente o Rio de Janeiro. “Através dos relatos de policiais, mães e ex-criminosos, conheceremos o lado mais sombrio do Rio de Janeiro, que enfrenta problemas sérios quando o assunto é segurança pública”, essa é a sinopse.


“É fundamental discutirmos com maturidade, sem ódios e vinganças, o problema que enfrentamos na segurança pública do país. Pois ele está diretamente ligado ao nosso passado escravocrata, de genocídio da população indígena e negra e de políticas públicas equivocadas que nos levaram às desigualdades sociais”, afirma o diretor, em publicação do site Entretetizei.


Assisti sem ter lido nada sobre a série documental. Tem narração de Dira Paes. Foca nos problemas da segurança pública. Alguns podem dizer que é mais do mesmo, carregados no drama, e tal. Respeito. Discordo.




A produção com quatro horas no total traz como o título estampa, relatos, mesclados por imagens de cartões postal, cenas tensas de tiroteios, recortes de matérias jornalísticos, e mortos.

Opiniões de policiais, ex-traficante, padre, pastor, indígena, em meio a uma gama de opiniões que reafirmam o passado e o presente caótico e assassino do Brasil.


Acho que nem precisava, mas vai um aviso: se você é ou foi um daqueles que não aceitou a derrota na eleição para presidente, e tem dificuldade para assimilar o diferente, nem perca tempo.


Se você assistir, vai ver que tem gente gabaritada que vale a pena escutar. Do meu lado espectador, só de ter o Luiz Antonio Simas entre os entrevistados já é um convite tentador. Entre outras coisas, o historiador afirma que para a elite, o projeto de Brasil deu muito certo, como mostra o primeiro episódio, que evidencia os problemas desde há muito tempo, e bota tempo nisso, atrás.


O segundo, Guerra às drogas, discute a ineficácia no combate ao tráfico, um modelo fadado ao fracasso, copiado dos EUA – onde também não deu bom e nem sei se era para obter o resultado esperado pela sociedade. Bacana é o esforço em mostrar os principais envolvidos – que estão na linha de frente ou sofrem na pele – por meio dos relatos.





No episódio 3, Em Nome de Deus, a religião entra em pauta de uma forma abrangente. Uma mini-aula de como o catolicismo foi empregado desde a época colonizadora como fonte mobilizadora/manipuladora para domesticar povos originários, pretos, e pobres. Presença forte de Mayalú Txucarramãe, da da jornalista Flávia Oliveira, entre outros. Quem resistia era aniquilado.


Talvez para não estender demasiadamente a série, senti falta de aprofundar certos aspectos, como a Teologia da Libertação, e ao mesmo tempo, alguém que explicasse com mais propriedade o crescimento dos evangélicos. Mas, de boa, longe de prejudicar os relatos.


O quarto e último episódio fecha o caixão. Literalmente. Sonhos Roubados aborda as chacinas e relembra mortes de dar dó/revolta e tudo o mais. Relatos das mães. Muito, muito…..

Como o caso de João Pedro, 14 anos, morto durante uma operação conjunta das polícias Federal e Civil no Complexo de favelas do Salgueiro, em São Gonçalo, em 2020.


O doc relembra também de Ágatha Félix, de 8 anos, morta com um tiro de fuzil nas costas no Complexo do Alemão. Este foi em 2019, desabafei sobre isso no antigo Blog do Kishô, que depois virou este em que cá estou. Ao reler, a lufada na memória de que, se a pequena fã de Mulher Maravilha estivesse viva teria a idade da minha filhota. Forte respiro.


Renato Martins e sua equipe competentemente trouxeram relato de uma mãe que teve o filho policial morto e teve de investigar por conta própria quem o matou.


Olha, são quatro episódios, cada um com mais ou menos 60 minutos. Impossível mastigar tudo por aqui. Tampouco tenho bagagem para isso.


Muita gente está a comemorar e acredita em (de novo) mais um novo começo para o Brasil. Isso é bom, admito. Queria realmente ter esse otimismo.

Tem muito a fazer para no mínimo recolocar as coisas nos trilhos. 


Resta saber se as partes desejam discutir a fundo o passado e o presente de violência enraizado na nação. Ou, permaneceremos no mesmo lugar, a viver nesta situação quase de castas desde os tempos do império.

A série, por incrível que pareça, termina o último episódio com uma lufada de esperança. Amor, Ordem, e Progresso.


Fica a dica.



Seguem alguns links que tem a ver com o escrito acima


- Relatos do Front – A Outra Face Do Cartão Postal (Onde assistir)

https://globoplay.globo.com/relatos-do-front-a-outra-face-do-cartao-postal/t/2sBkhnQsHs/



- Canal Brasil lança a série Relatos do Front − A Outra Face do Cartão−Postal

https://entretetizei.com.br/canal-brasil-lanca-a-serie-relatos-do-front-%E2%88%92-a-outra-face-do-cartao%E2%88%92postal/


- Como está aquele caso: João Pedro, adolescente morto em conjunto de favelas no RJ

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/12/30/como-esta-aquele-caso-joao-pedro-adolescente-morto-em-conjunto-de-favelas-no-rj.ghtml


- Corpo de Ágatha, de 8 anos, morta com tiro de fuzil, é sepultado no RJ

https://br.noticias.yahoo.com/agatha-enterro-203433296.html



- Para os maiores de uma menina de oito anos. Sério mesmo que não tira o seu sono?!

https://blogdokisho.blogspot.com/2019/09/para-os-maiores-de-uma-menina-de-oito.html



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