E se o tal jogador fosse ianomâmi?

 E aí, beleza?!

O título do post é, óbvio, uma provocação.

Sobre o caso do jogador Daniel Alves, aquele  “que transcende o futebol”, segundo o agora ex-técnico da Seleção, o que mais escuto não deveria me surpreender. Mas, surpreende. “Coitado dele, vai perder tudo o que ganhou”. “Está na cara que ela quer tirar um dinheiro dele”. “A mulher dele o defende porque ainda não teve tempo de pegar uma parte do dinheiro”.


Tento argumentar que a suposta vítima – e parece ser, sim e muito - é quem teve a vida destroçada. Imagina o trauma. Ela não quis fazer nenhum tipo de acordo financeiro para resolver a situação. Machismo que vem esmagadoramente de homens, mas também encontra eco em muitas mulheres, segue muito forte.


Em uma viagem digna de bons animes, ou desenhos que usam o fantástico imaginário para passar muitas mensagens bacanas - as vantagens de ser um pai com filhos que gostam destas obras – qual seria o ponto de vista caso o acusado tivesse saído de uma reserva indígena.

E se tivesse raízes ianomâmis? Teríamos um “também, é índio né?! Queria o quê?!”. Ou, “quando quer virar civilizado faz essas coisas, aí”. O machismo “perderia” para a discriminação? Andariam juntos? O jogo viraria a favor da vítima?


O pessoal que se acha de bem iria para qual lado? Receio que seja em direção a quem mais tem bens. Para eles, no fundo, tudo se reduz a dinheiro. Seja como for, a vítima segue sendo...a vítima. Agressão sexual, parece um jeito sórdido de evitar a palavra estupro.


O que se trata aqui não é, “e se ele for inocente?”, e/ou, “como índio passa fome se tem rio para pescar peixe, animais para caçar, pé de fruta, etc (esse tipo de comentário é muito bizarro)”. E, sim, todo o preconceito arraigado, em suas várias formas, que se repete e aflora em situações como esta.


Até quando? Não sei. Entretanto, se a maioria insistir em manter as velhas opiniões formadas sobre tudo, o processo para extirpar esses comportamentos será a passos lentos. Bem lentos.


É isso. Perdão se ficou meio confuso. Ou, viajado. A cabeça tá cheia, e o coração, apertado.



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