Novamente, o esporte tem de parar de se achar um mundo à parte
E aí, beleza?!
Que o esporte tem a competitividade como um dos seus alicerces, todo mundo sabe.
Que leva a imagem de fazer um bem à saúde, idem. Vide o clássico “mente sã em corpo são”.
Que contribui para a sociedade ao fazer quem pratica saiba aceitar e compreender que a derrota faz parte da vida, também.
Que em seu ideal carrega a bandeira do espírito olímpico, na qual o respeito entre os povos, às diferentes culturas, ao incentivo, ao intercâmbio entre pessoas de lugares distantes, certeza.
Tudo muito bem, tudo muito bom. Só que não.
O lado ruim do esporte tem de ser discutido, combatido, e, se for o caso, haver punição. Faz parte de viver em sociedade. Sei, parece um chavão, um crônico repeat. Porém, enquanto não haver evolução em questões como violência, racismo, homofobia, entre outras mazelas, é necessária a cobrança, a vigilância.
No caso do Wallace, multicampeão no vôlei, por que o corporativismo? Ou a falta dele, a depender do ponto de vista? A falta de posicionamento de jogadores e jogadoras de seleções brasileiras, salvo raríssimas exceções, é sinistra. Responsável mor pelo vôlei no país, a CBV até o momento sequer cogitou punição mais severa. Limitou-se ás famosas notas de repúdio.
Com o assunto a caminhar para o arrefecimento, perde-se a chance até de discutir limites e leis mais rígidas para quem incentiva ações como… assassinar. E, se a “piada” em questão não fosse o presidente e, sim, sua mãe, seu parceiro, sua filha, alguém que tu gosta, você? A empatia, palavra usada à exaustão e de diversos jeitos, cai bem nessas horas.
No futebol, o que ocorreu em Curitiba neste domingo, no clássico entre Athletico-PR e Coritiba foi um show de maus exemplos. A começar pela bizarrice da torcida única e terminar na briga dentro de campo. Jogadores, companheiros de profissão, a socos e pontapés. Até em posição de luta em pleno gramado sintético da Arena da Baixada. Agressão de torcedor, demonstrações ridículas de “macheza”. O jogo? Não terminou. Uma pena a pouca repercussão. Tivera sido em SP ou RJ, talvez saltasse mais aos olhos.
Para variar, torcer por punições à altura nestes dois casos é miragem. A aura de intocável, de que no esporte vale tudo, segue inabalável no Brasil. Triste.
Em uma época que parte da sociedade busca cada vez mais o caminho da civilidade - mesmo com as barreiras ultra conservadoras - e talvez alguns exageros na ânsia de tentar manter a liberdade, o esporte, incluso atletas, dirigentes, e muitos torcedores, segue na batida de que se você não aguenta, é fraco, pede para sair. É um perdedor e nem pense em chorar. Tá doendo? Guarde sua dor porque para vencer na vida tem de ser assim.
Fora do país, as coisas também não andam um mar de rosas. Que o diga Vinicius Júnior na Espanha. O brasileiro vê jogo após jogo, o racismo tornar-se mais forte. Dentro e fora de campo.
Lá, como cá, as autoridades passam pano. A história é pródiga em mostrar que atos fascistas e antidemocráticos se tornam um problema gigante caso haja conivência de quem pode barrar essa escalada.
Muita gente não ouve porque não quer ouvir. Sobre o que fazem com o Vini Jr, Gustavo Hofman escreveu um texto que vale a pena dar uma lida (link tá lá embaixo)
Sempre haverá exceções, e quem sabe a médio ou a longo prazo o jogo vire. Em São Paulo, parece ter iniciado um tímido movimento para o fim da torcida única nos clássicos locais. Vamos esperar.
Até lá, façamos a nossa parte do jeito que dá.
É isso, se cuida
Abraço
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- Alguns links que tem a ver com o assunto
"Conselho de Ética do COB e STJD tomam primeiras decisões sobre caso Wallace”
“Turra silencia sobre briga, e avalia empate do Athletico com o Coritiba: "Mostramos futebol bonito"
“São Paulo e Palmeiras dizem que não houve "danos significativos" no Morumbi e querem fim de torcida única”
“Ódio contra Vinicius Jr. não é um ambiente normal de futebol”
“Julgamento de jogadores de rúgbi pela morte de jovem na Argentina chega a um veredito”
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Se não, tranquilo. Dá nada, não.
Só de chegar até aqui, brigadão.
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