Mãos Sobre a Cidade é antigo, político, e tem muito de hoje
E aí, beleza?!
A dica da vez é das antigas, vai completar 60 anos. Pincei de um tuíte do André Barcinski, no começo deste mês, um dos caras que mais manja de sétima arte e música neste país.
No post, ele escreveu assim: “Um clássico do cinema político italiano está no Youtube, com legendas em português: "Mãos Sobre a Cidade" (1963), de Francesco Rosi. Rod Steiger faz um inescrupuloso empresário do ramo imobiliário. Grande filme...”.
Pronto, precisa mais?
Dias depois fui conferir a produção do diretor que, entre outras coisas, dirigiu Lucky Luciano (1973), e uma versão da ópera Carmen (1984), com direito a participação de Plácido Domingo. Para variar, não assisti a nenhum dos dois.
Agora, Mãos Sobre a Cidade, sim. Olha, aviso que é daqueles filmes para quem gosta de bastante diálogo. Política. Problema social. E, por aí vai. Se não for a sua, o risco de cair no sono existe.
O longa em preto e branco tem pouco mais de hora e meia, e a história - não é real, mas que poderia ser, poderia - tem, como um dos motes, a especulação imobiliária. De repente, uma coisa a se pensar em época que parece haver um movimento para detonar, em Campo Grande, o Parque pelos Poderes.
Voltar ao filme, ele se passa em Nápoles, onde um edifício desaba, e deixa muitas vítimas. Daí, Edoardo Nottola (Rod Steiger), empresário e responsável pelo empreendimento, faz de tudo nos bastidores para dar a volta por cima, e deixar sua imagem na boa, através do partido político em que atua.
Do outro lado, o da esquerda, o vereador De Vita (Carlo Fermariello), faz a oposição que busca defender os moradores afetados pela queda do edifício.
Boa parte do filme foca as calorosas discussões dos vereadores - prós e contra – sobre o destino, principalmente político – do empresário Nottola. Que, também está por trás de um projeto para revitalizar a região, e, por tabela, alijar os que já vivem por lá.
As décadas que separam o contexto da obra dirigida por Rosi, falecido em 2015, aos 92 anos, dos tempos atuais, a ficção parece juntar com ares muito reais. Aliás, em breve pesquisa, um dos pontos em comum destacados em Mãos sobre a Cidade é o realismo.
Fato também destacado na Wikipédia Italiana: “Os personagens e fatos aqui narrados são imaginários, enquanto a realidade social e ambiental que os produz é autêntica”. Frase que aparece no filme, e deixa bem claro o posicionamento dos envolvidos com esta produção cinematográfica.
E, mais não digo. Reitero mais uma vez. Há pouco tiro, porrada e bomba, e muito mais diálogo, retratos de bastidores políticos, em cima de oratórias e performances do elenco que te faz virar um espectador de luxo. Eu acho.
É isso.
Links que cliquei e tem a ver com o post :
https://www.interfilmes.com/
https://it.wikipedia.org/wiki/
Ah , se quiser assistir o filme, clica aí
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Abraço, se cuide.
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