Sair de sua bolha é deixar a zona de conforto?

 

Um dia desses não sei se em uma live, ou entrevista, ou nos dois, uma pessoa defendeu que geral tem de sair de suas bolhas de gente que pensa como tu e escutar o que os de fora têm para dizer. Sem discussão não há conversa, entendeu?

Na mesma semana, em outro lugar, captei mais ou menos o mesmo pensamento. Essa polarização, esse “quem não pensa como eu é ignorante”, vai fazer o mundo acabar de definhar. Ou dividir de vez o planeta. Quem sabe, deixá-la plana?

Encanei um pouco com isso. De como por e/ou sem perceber ficamos intolerante. Sem essa de “ah, sou de boa porquê não adoto discurso de ódio, etc’. Na real, chega uma hora que a depender do que fulano postou nas redes sociais você já torce o nariz.

Sinceramente, acho que o Dilema Social aliado a entrevista do padre Júlio Lancelotti, e outras cositas más, me deixou ressabiado. É difícil reconhecer que, ás vezes, você adota meio que sutilmente atitudes que condena.

Faz duas semanas que adotei uma dica e desativei do smartphone, as notificações de Instagram/Facebook (até porquê eles não me querem muito por lá como você sabe), Twitter, YouTube, Spotify, Linkedin, e caixa de e-mail. Ainda estou longe de avaliar se foi uma boa, porém, longe de achar ter sido má ideia. Parece que desapareço até das próprias bolhas que achei que frequentava. Que coisa... Ao mesmo tempo, parece que minha cabeça ganha um...tempo.

Só que, na boa, deve ser um (re)aprendizado. De 2014 para cá, perdi muito da minha paciência, de tolerância mesmo que acreditava ter. O mundo embruteceu e fui junto. Vai demorar para eu sair da minha zona de conforto e ir à luta de mente aberta. 

Talvez falte maturidade, ler mais, aprender fatores comportamentais, sociedade, e, hoje tanto quanto os outros, redes sociais, algoritmos e tal. Ou, ceticismo mesmo. Aquela coisa de parecer prever que você fala e o outro responderá sempre a mesma coisa. Cansa.

É muito fácil chegar e dizer, “tente ouvir o outro lado sem que ele pareça ser um inimigo”. Ou, “viva quem pensa diferente”. Como diria Edy Rock em uma música antiga dos Racionais MCs, tem hora “que não dá nem pra comentar”.

Acho que tem de ser uma via de mão dupla. Eu topo se você também aceitar o que eu tenho para dizer. E, olhe lá. Humm, simplório demais. Larga a mão e busque informações com quem entende realmente disso. Só levantei a bola.

Que coisa, estamos quase em 2021 (se bem que 2020 poderia ser cancelado), e parece que regredimos um bocado como humanidade.

Sinceramente, estou em busca de um denominador comum. Mas, no momento, a única bolha que funcionou foi o da NBA (basquete norte-americano).

Então, o que você acha? Melhor ficar cada um na sua bolha, nem vale a pena “dar ideia para esses tipos aí”?

Abraço e se cuida, o pior não passou. Seguimos na pior.

Dica para desopilar

- Podcast: A arte da quarentena para principiantes. Do pessoal do Chutando a Escada, que conversou com o professor e psicanalista Christian Dunker, da USP, faz umas duas semanas, mas só escutei agora. Vale a pena dar pelo menos uma passada por lá.

- Playlist do Kishô – Tirei umas, pus outras e acabei esta semana redondamente com 260 músicas na lista. Para variar, uns flashback clássico do Alice in Chains, uma porrada instrumental do Faith No More – aliás uma das melhores coisas sem vocal da história do rock - e um cover do The Beatles com os caras do Pennywise (?!) que nem sabia que tinha e caí por acaso enquanto escrevia esta receitinha. Escuta lá, sugira algumas músicas. Um bom som é sempre bom.

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